Zoológico de Sapucaia Contaminado Por Gripe Aviária

Gripe aviária fecha Zoológico de Sapucaia do Sul e expõe descaso na gestão pública

O Zoológico de Sapucaia do Sul, um dos pontos tradicionais de visitação no Rio Grande do Sul, está fechado por tempo indeterminado. A medida foi tomada pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) após a confirmação de casos de gripe aviária entre os animais do parque.

A doença, identificada como Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), foi responsável pela morte de cisnes e patos. A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), durante uma coletiva realizada na última sexta-feira. Desde então, o zoológico permanece com os portões fechados ao público.

Um vírus perigoso e um silêncio preocupante

Apesar da gravidade da situação, até agora a Sema não detalhou quais ações estão sendo adotadas dentro do zoológico. O vírus H5N1 é conhecido pela sua capacidade de permanecer em animais que não apresentam sintomas, o que representa um risco constante para a fauna e para os trabalhadores do local.

Enquanto isso, criadores de animais silvestres no estado enfrentam exigências rígidas de biossegurança, com planos detalhados, laudos técnicos e fiscalizações constantes. O contraste é gritante. A mesma secretaria que exige tanto dos outros, pouco mostra sobre como cumpre seus próprios deveres.

Edital questionado e leilão suspenso

Como se não bastasse a falta de transparência diante do surto, a gestão do zoológico também virou alvo de questionamentos judiciais. Um edital de leilão lançado para conceder a administração do parque foi suspenso por decisão da juíza Patrícia Laydner, da Vara Regional Ambiental. Para a magistrada, o modelo escolhido não assegurava o bem-estar dos animais e carecia de regulamentação adequada.

Essa não é a primeira vez que a Sema demonstra desencontro entre o discurso e a prática. Enquanto empreendedores legais do setor ambiental enfrentam um mar de burocracia, o próprio órgão público apresenta falhas graves em um processo tão importante como o da concessão de um espaço com vida animal.

Um zoológico em decadência

A verdade é que o zoológico já vinha dando sinais de abandono. A morte do leão Simba e da elefanta, dois dos maiores símbolos do parque, marcou o início de uma fase de decadência. As estruturas estão visivelmente desgastadas, o número de espécies diminuiu, e o local perdeu grande parte de seu apelo ao público. Ainda assim, segue sendo destino de escolas e famílias, muitas vezes sem saber o que se passa nos bastidores.

Agora, com a presença confirmada do vírus, o parque se tornou um foco de atenção sanitária. E diante disso, o mínimo que se espera é uma resposta séria, pública e transparente por parte do governo.

O dever de dar o exemplo

Fechar os portões do zoológico foi uma medida necessária, mas está longe de ser suficiente. É preciso esclarecer o que está sendo feito para conter o vírus, proteger os animais e garantir que situações como essa não voltem a acontecer.

Mais do que cobrar do setor privado, o Estado precisa mostrar que também é capaz de cuidar daquilo que está sob sua responsabilidade. Se existe uma regra para os criadores, ela também deve valer para os gestores públicos. O bem-estar animal, a saúde ambiental e o respeito à sociedade exigem isso.

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